22/03/2012

Caso Barney e Betty Hill


     Considerado um clássico da casuística ufológica mundial, o caso Barney e Betty Hill foi uma das primeiras abduções que tiveram repercussão mundial, inclusive na comunidade científica. No dia 19 de setembro de 1961, o casal Hill estava voltando da viagem de férias que fizeram no Canadá. Eles estavam na estrada de New Hampshire, com destino para Portsmouth, onde residiam. Era noite e os Hill pretendiam seguir viagem até de madrugada, pois o serviço de meteorologia havia dado um alerta sobre a possibilidade de a região ser atingida por um furacão e eles queriam chegar a casa antes que isso ocorresse.
Por volta da 02h30min horas, já no sul de Lancaster, os dois avistaram um objeto luminoso voando no céu. O que chamou a atenção do casal foi o fato que o objeto parecia estar acompanhado o carro. Intrigado, Barney Hill parou o carro e saiu para tentar observar melhor o fenômeno, pois eles tinham um binóculo no carro. E foi nesse momento que o casal Hill percebeu que o objeto era um enorme disco contendo o que parecia ser uma grande cúpula na sua extremidade superior. A cúpula girava. Vale ressaltar que, posteriormente, o comandante P. W. Henderson confirmou que um objeto não identificado foi detectado pelos radares da base aérea de Pease na mesma data, hora e localidade em que o casal Hill se encontrava.
     O disco soltou alguns pequenos objetos com formato de esfera, os quais voavam ao redor. Logo em seguida, começou a descer lentamente e Betty começou a gritar para que seu marido retornasse para o carro. No entanto, Barney não dava a mínima atenção para os apelos de Betty – era como se ele estivesse hipnotizado.


     Subitamente Barney tem uma estranha sensação de que estaria para ser capturado por aquele objeto. Temendo o pior, ele consegue reagir e volta rapidamente para o carro. Enquanto isso, Betty já havia dado partida no veículo. O casal Hill sai em alta velocidade com o carro, ouvindo um som – uma espécie de zumbido – que procedia do UFO. Mas logo o estranho ruído parou e eles, aliviados, acreditaram que tinham conseguido escapar daquele objeto. A uns cinqüenta quilômetros voltaram a ouvir o ruído novamente, mas não avistaram mais o disco. O casal Hill não havia percebido que, entre os zumbidos, haviam se passado cerca de duas horas e eles tinham percorrido apenas a distância entre Indian Head e Ashland.
     Para os Hill, o tempo entre os zumbidos foi de dez minutos. Esse fenômeno é conhecido como "lapso de tempo" (missing time) e é muito comum nas abduções alienígenas. O casal Hill só teve consciência de que "perderam duas horas" na viajem quando chegaram a casa duas horas mais tarde do previsto. 
     Nos dias seguintes, Barney e Betty Hill passaram a ter pesadelos todas as noites. Incomodados com essa situação, eles foram buscar ajuda médica. Foram atendidos pelo psiquiatra Benjamim Simon, que resolveu usar hipnose regressiva como instrumento para tentar resgatar a memória do casal sobre o que realmente havia acontecido com as duas horas que haviam sumido da viagem. A partir de sucessivas sessões de hipnose foi possível remontar passo a passo os acontecimentos do incidente ocorrido naquela noite.
     A não ser pequenas diferenças secundárias, os relatos de Betty e Barney coincidiram: na verdade eles não haviam conseguido sair com o carro do local rapidamente. Os dois tinham ficado paralisados e foram levados para o interior do UFO por criaturas parecidas conosco – a não ser pelos seus enormes olhos. Eles tinham altura mediana e se comunicavam por telepatia. Apenas um dos seres – o que parecia ser o líder – tinha capacidade de falar. O curioso é que ele utilizava o inglês e foi o responsável por todas as informações que o casal obteve durante a abdução. Mas eram os olhos das criaturas que mais chamavam a atenção. Tanto Barney quanto Betty diziam que aqueles olhos eram sinistros. Betty os descreveu como "semelhantes aos olhos de gatos" e Barney, por sua vez, disse que se "alongavam chegando quase aos lados da cabeça, parecendo que o seu campo visual era mais amplo que o nosso; e isto me inquietava".
     Os dois foram submetidos a uma série de exames clínicos, entre os quais introduziram uma agulha no umbigo de Betty. Nessa hora Betty começou a se desesperar por causa da dor lacerante que sentiu. Imediatamente, o ser que parecia ser o líder colocou sua mão direita sobre a cabeça de Betty. A dor de Betty Hill desapareceu em poucos segundos. Depois dos exames, as criaturas interrogaram o casal sobre algumas noções humanas como "tempo", "velhice", etc. Num dado momento, Betty perguntou para o "líder" de onde eles eram e ele mostrou um mapa estelar para Betty. A criatura perguntou para ela se era capaz de apontar onde estaria nosso sistema no mapa. Betty respondeu que não. 
     As criaturas chegaram a dar um livro para Betty (livro que na última hora lhe foi roubado). Finalmente o casal foi devolvido na estrada. Quando eles ouviram o segundo zumbido, já estavam dentro do carro, dirigindo na estrada, e o UFO havia decolado e desaparecido. Sobre a decolagem, Betty Hill se lembrou como foi numa das hipnoses. Sua descrição foi a seguinte: "Quando a nave decola, estava rodeada por um halo de luz. Quero dizer, podia se ver a silhueta da nave, dentro da luz. Era como uma massa rodopiante vermelha-laranja e logo que a nave decolou, a luz desapareceu, apagou".


     Após várias sessões de hipnose, Betty Hill conseguiu reconstruí-lo desenhando. Inicialmente não foi possível determinar se o mesmo era um mapa estelar real, pois não apresentava a menor similaridade com o que tínhamos de conhecimento sobre astronomia na época. Porém, vários anos após o incidente, com a evolução da astronomia e a divulgação de novas cartas celestes, a professora Majorie Fish conseguiu descobrir que o desenho de Betty Hill era realmente um mapa estelar extremamente preciso. Ele contém a constelação Retículo que se situa a 36 anos-luz de nosso sistema. Inclusive vale ressaltar que o estudo de Majorie Fish sobre o mapa de Betty Hill foi exaustivamente confirmado por diversos astrônomos de renome. Nossa astronomia não tinha esse conhecimento na época da abdução do casal Hill.
     Mas as experiências insólitas não terminaram para os Hill com o sequestro. Depois da abdução, eles viveram situações estranhas, algumas delas aparentemente parapsicológicas, e que foram estudadas acuradamente e divulgadas pelo doutor Berthold E. Schwarz. Seguem algumas delas:
     Seis semanas depois da abdução, Betty e Barney regressaram uma noite à sua casa e entraram na cozinha. Surpresos, encontraram na mesa uma pilha de folhas secas de alguma vegetação. No meio das folhas estava um par de brincos azuis. Betty estava usando aqueles brincos na ocasião da abdução e nunca mais os tinha visto. Ela tem quase certeza que uma das criaturas havia retirado seus brincos quando estavam examinando-a.
     Numa tarde, cerca de três meses depois da abdução, Barney tinha voltado cedo para casa. Pouco depois, ao chegar Betty, Barney descansava tranquilamente. Betty entrou na cozinha e encontrou no bar, sob um jornal, "um pedaço de gelo, que tinha a forma como se alguém tivesse enchido um balde de água e depois o tivesse congelado". Betty notou algumas marcas estranhas no gelo. Barney garantiu que não tinha trazido o gelo e nada sabia a respeito. Resolveram deixar o gelo sob a torneira aberta, na pia, para derreter.
     Barney Hill faleceu em 1969, aos quarenta e seis anos, de uma hemorragia cerebral – a mesma causa da morte de seu pai. Mas os fatos inexplicáveis na casa não acabaram. A própria Betty Hill relatou para o doutor Schwartz:
     "As coisas andaram tão mal após a morte de Barney que minha sobrinha e seu marido deixaram seu apartamento para vir morar comigo. Mas aconteceram coisas tão misteriosas que ficaram amedrontados. Ouviam ruídas no meu quarto, quando não havia ninguém. Iam investigar e não encontravam nada, mas sempre tinham a sensação de que havia alguém ali. Desciam e ouviam um 'bang'. A porta da sala se abriu e eles viram um homem entrando em casa. Eles iam até a sala para ver quem era o invasor e, inacreditavelmente, não tinha ninguém. Eu mesmo era seguida por todo tipo de gente. Um deles era claro e gorducho. Encontrei-o diante de minha porta e perguntei-lhe o que fazia ali. O homem disse que vendia assinaturas de revistas. Ao lhe perguntar onde estavam as revistas, ele foi embora rindo".
     Betty alugou um dormitório de sua casa para uma mulher chamada Maureen Keating, que também contou que aconteciam coisas estranhas como, por exemplo, vozes onde não havia ninguém.
     Barney tinha um filho chamado Barney Hill Jr. e que era nascido de um casamento anterior. Barney Hill Jr. serviu o serviço militar, na zona do canal do Panamá. Várias vezes, entre as duas e quatro da manhã, quando estava de plantão, aproximou-se um indivíduo alto, com calça, camisa e jaqueta branca. Este homem tinha um sotaque estrangeiro irreconhecível. Ele dizia se chamar Geist ("geist" em alemão é fantasma) e sempre interrogava Barney Jr. sobre as experiências dos seus pais com os discos voadores. As autoridades militares também interrogaram Barney Jr. sobre o assunto.
     Em outra ocasião, Betty ouviu chamar alguém lhe chamando na porta. Ela abriu e encontrou um homem vestido inteiramente de verde que dizia vir ler o contador de gás. Uma semana mais tarde, apareceu outro com o mesmo traje que também afirmava ter que fazer a leitura do contador de gás. Quinze dias mais tarde, novamente veio outro com o mesmo traje efetuar a leitura. Quando chegou o recibo do gás, a fatura tinha discriminado "consumo estimado". Betty chamou a companhia e perguntou o que estava acontecendo, pois como podiam discriminar "consumo estimado" na fatura se tinham estado três empregados na sua casa para fazer a leitura. O funcionário afirmou que nenhum encarregado de leitura havia sido mandado aquele mês. Para surpresa de Betty, todos os encarregados usavam trajes azuis, nunca de cor verde, e quem quer que estivesse na sua casa, não era efetivamente da companhia de gás. Essas “visitas estranhas” podem ter relação com os chamados MIB (homens de preto).
     Após a morte de Barney, Betty Hill avistou várias vezes luzes estranhas no céu. Sempre que passava pelas portas de segurança de aeroportos, com detectores de metal, os alarmes soavam – mesmo quando Betty não portava nada de metal. Ruídos e coisas se mexendo sem que ninguém tocasse também aconteciam na casa de Betty. Como o doutor Schwartz mencionou afortunadamente a viúva Hill demonstrou ser uma pessoa bastante equilibrada e passou por todas essas experiências sem ficar com sequelas psicológicas. Em uma das entrevistas concedidas por Betty Hill, ela chegou a dizer "ninguém no seu estado normal deveria entrar numa nave extraterrestre". Sua própria vida após a abdução parece ser um argumento a favor dessa afirmação...
     Infelizmente, na manhã de 17 de outubro de 2004, Betty Hill faleceu. Ela tinha 85 anos e estava lutando há mais de um ano contra o câncer.

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